sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Centro de Assistência em Brasília é símbolo de união

A comunidade LGBT e os simpatizantes estão alienados a respeito dos seus direitos e de sua cidadania? Para quem ensaiou dizer um sim à pergunta, é melhor ver um exemplo interessante do que ocorre no Estruturação - Grupo LGBT de Brasília. O serviço de atendimento psicológico e jurídico da entidade voltado a pessoas de baixa renda, chamado Centro de Assistência LGBT, é mantido apenas por voluntários. E não é apenas mais um centro. De acordo com a organização, é o maior do Brasil: há 21 pessoas atuando na área de Direitos e 7 na de Psicologia dentre estudantes e profissionais."O centro é a comprovação de que é possível prestar um serviço de qualidade quando existe um bem comum no final. Nossa grande quantidade de voluntários reforça a idéia de que as pessoas querem participar da construção de uma sociedade civil melhor", avalia o presidente do Estruturação, Júlio Cardia. A entidade já viveu dois cenários no que diz respeito a esse tipo de serviço. Em 2006, por meio de financiamento do governo federal, a entidade mantinha o atendimento com quatro pessoas nas duas áreas. Agora, sem um tostão público ou de empresários, o número pulou para 28.Seriam LGBT cuidando de LGBT? Cardia diz que é isso, mas não só. "O Estruturação tem como política de voluntariado não perguntar a orientação sexual ou identidade de gênero de quem deseja colaborar com nosso trabalho. Isso não é importante, e sim a vontade de trabalhar em prol de LGBT. Por isso, nem sabemos quantos do corpo de voluntariado é LGBT ou hétero. Apenas sabemos que todos são exemplo de o quanto podemos mudar uma realidade quando queremos de verdade fazer isso."A vontade de ajudar é grande e extrapola os limites do DF. Há voluntários que moram em São Paulo e que atuam por meio de consultoria via internet nos casos jurídicos. Esse tipo de ajuda não é rara no Estruturação. Cardia diz que eles recebem ajuda gratuita de pessoas do Rio de Janeiro, Chile e até do Japão. A entidade possui outros núcleos de voluntariado, como o de comunicação, que reúne profissionais e estudantes de design, jornalismo e publicidade e empresas do ramo, o de pesquisas e o de ação em DST/Aids. No mais, há diversos tipos de trabalho voluntário. "Temos de terapeuta floral a tradutores de alemão em nosso voluntariado", diz Cardia.
Um dos diferenciais do Centro de Assistência LGBT é a cobrança do serviço por parte dos profissionais em alguns casos. A secretária-geral do Estruturação, Sônia Regina, explica que o motivo de tal restrição é evitar abusos. "Começamos a pensar nesse limite para atendimentos gratuitos quando recebemos o segundo caso de pessoas querendo dividir bens com o companheiro ou receber patrimônio ou pensão. Apesar das causas envolverem quantidades significativas de dinheiro, os interessados queria atendimento gratuito. Achamos que isso não estava certo. Se tivéssemos que trabalhar de graça, que fosse então para quem não pode pagar por um serviço assim."A regra é que aqueles que recebem até três salários mínimos mensalmente ou que tenham casos sem envolvimento de dinheiro ou bens recebem atendimento gratuito. No que isso não se aplicar, o centro apenas encaminha o interessado a um profissional e o acerto sobre o custo do trabalho deve ser feito com ele. Cardia vê outras vantagens neste sistema. "Quem tiver dinheiro, terá a certeza que será atendido por profissionais que conhecem a questão LGBT, o que é uma vantagem frente ao que é oferecido no mercado nas duas áreas. E, pelo lado do profissional voluntário, ele pode ganhar dinheiro por fazer parte de centro já que indicaremos clientes a ele."
Mesmo com a possibilidade de ganhar dinheiro, o que mais se destaca na fala dos integrantes do Centro de Assistência é a vontade de ajudar LGBT que precisam. O advogado Ábiner Augusto, um dos mais antigos integrantes do centro, diz que é voluntário para oferecer apoio. "Faço parte do voluntariado para poder fazer algo mais do que simplesmente ir a parada e me divertir. Sei que tenho uma condição melhor que muitas pessoas independentemente da orientação sexual e também sei que justamente a orientação sexual é umas das formas mais cruéis que se usa para atingir uma pessoa."
A psicóloga Rosimeire Honorata de Lima também enfatiza o desejo de ajudar em toda sua história na entidade. "Eu fiz parte do primeiro centro do Estruturação ainda como estagiária. Essa experiência contribuiu muito com minha formação e até no projeto final do curso, em que também falei da questão LGBT. Hoje, já formada, sou voluntária para pode fazer algo para quem precisa."
Sobre o trabalho com foco em quem precisa, Augusto não tem dúvidas sobre a importância de cada um fazer um pouco. "Todos deveriam fazer alguma espécie de trabalho voluntário. Sei que o tempo é curto para todos hoje em dia, mas sempre existem pessoas precisando de algo e sempre podemos ajudar de alguma forma. Pode parecer pouco para nós, mas pode ser muito importante pra outra pessoa."

Para entrar em contato com o Centro de Assistência LGBT ou mesmo se voluntariar, ligue 61 3224-3945 ou escreva para estruturacao@estruturacao.org.br

Fonte: Parou tudo

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