Em seu livro, Bagemihl derruba teorias que afirmam que a homossexualidade surge por falta de opção ou porque os animais se confundem. Para ele, os animais homossexuais são assim por um motivo muito simples: porque apreciam o fato de ter parceiros do mesmo sexo que eles.
Outros indícios sugerem, no entanto, que a orientação sexual da pessoa é definida no útero materno. Em mamíferos, o sexo do bebê é definido pelo pai, que traz o cromossomo X ou Y para o filho. No entanto, há um senão aí, como lembra Carlos C. Alberts, da Universidade Esta-dual Paulista (Unesp) de Assis. Entre 4 a 8 semanas depois da fecundação, a mãe grávida libera um hormônio sexual no embrião – hormônio que só vai ter efeitos mesmo durante a adolescência.
É essa substância que, segundo alguns pesquisadores, seria responsável pela orientação sexual da pessoa. Se a combinação entre sexo do embrião e hormônio bater, o indivíduo será heterossexual. Se não, será gay. Por exemplo, um embrião do sexo feminino que receber hormônio feminino vai crescer e passar a ter atração por homens. Se o embrião feminino, no entanto, receber hormônio masculino, as chances de virar homossexual são maiores. É difícil afirmar que esse mecanismo, sozinho, possa controlar toda a complexidade que é o comportamento sexual humano. E, por isso, as bases biológicas da homossexualidade seguem sob debate.
PELO BEM DO IRMÃO
Se os hormônios da mãe controlam o comportamento sexual do bebê, o que a faz “trocar” e dar hormônios masculinos para um bebê feminino, e vice-versa? Alguns cientistas acreditam que isso ocorre durante situações de grande estresse. “Uma pesquisa revelou que, dentre as pessoas que nasceram durante o cerco de Stalingrado [na atual Rússia, na 2ª Guerra Mundial], até 30% assumiram ser homossexuais na vida adulta”, diz Alberts. Tal dado talvez seja muito importante.É que, de acordo com a chamada Teoria da Seleção de Parentesco, em épocas de grande crise não vale a pena para o indivíduo gastar energia tentando se reproduzir – é mais fácil ajudar a criar os filhos de irmãos ou primos, que possuem uma porção significativa dos próprios genes dele. Fazendo a conta, é como se o organismo gay estivesse se reproduzindo da mesma forma, o que talvez explique por que a seleção natural não elimina essa característica aparentemente prejudicial do ponto de vista genético. De fato, em muitas espécies existe a categoria dos helpers, que apenas ajudam a cuidar da prole de seus parentes.
O problema, claro, é que muitos gays são filhos únicos e têm irmãos que também são gays. O fato é que, apesar da seleção de parentesco, a homossexualidade ainda continua com aura de mistério.
"Por 2 irmãos ou 8 primos” foi a resposta dada pelo biólogo J.B.S. Haldane (1892-1964) sobre que pessoas ele morreria para salvar – porque assim preservaria todos os seus genes.
Fonte: Super interessante.
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